terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O que é pior: rebeldia ou ressentimento?

O livro A Volta do Filho Pródigo, de Henri Nouwen, provocou um forte impacto em minha vida. Sentia pouca identificação com o filho mais novo. Ao contrário, nunca fui rebelde e sempre procurei fazer tudo certinho. Mas, no fundo do meu coração, eu nutria uma certa inveja em relação ao filho mais novo. Inveja por não ter tido coragem de fazer o que tinha vontade, de não romper com as convenções, de ter sempre um comportamento exemplar. Aos poucos, isso foi se tornando um fardo e motivo de ressentimento. Eu podia muito bem entender a queixa do filho mais velho. Ele, como eu, nunca havia se afastado da fé e tinha um bom comportamento. Já o filho mais novo... A alegria do pai ao recebê-lo de volta trouxe à tona velhos ressentimentos. Descobri o quanto a ideia de merecimento estava arraigada em mim.
Veja o que diz o texto de Nouwen: "Aparentemente, o filho mais velho era sem defeitos. Mas quando se defronta com a alegria do pai pelo filho que volta, surge uma onda de revolta que explode, chegando à superfície. De repente, aparece alí uma pessoa ressentida, orgulhosa, egoísta; alguém que permaneceu profundamente escondido, apesar de estar crescendo e se fortalecendo ao longo dos anos". É nesse ponto que Nouwen questiona: o que causa mais dano, a luxúria ou o ressentimento? A seguir ele diz: "Há tanto ressentimento entre os 'justos' e os 'corretos'. Há tanto julgamento, condenação e preconceito entre os 'santos', tanta raiva contida entre aqueles que estão sempre muito preocupados em evitar o 'pecado'..."
O filho mais velho nunca saiu da casa do pai, mas nunca se sentiu amado pelo pai. Nunca soube usufruir das bênçãos da casa do pai... Ele não conseguia se sentir amado e aceito pelo pai. E é aí que o pai demonstra o seu amor por ele, indo ao seu encontro, insistindo para que ele participe da festa. Aprendi que não preciso procurar agradar para merecer aprovação. Que sou amada pelo que sou. Na verdade, o pai ama os dois filhos. Ele vai ao encontro de ambos, e quer abraçar os dois. O mais novo se deixou abraçar. Porém, o mais velho, como eu, precisava aprender que o pai também o amava, de tal modo que dividiu tudo que tinha com ele. Só posso me livrar da raiva e do ressentimento quando eu me sentir amada e pedoada pelo Pai. Como o filho mais novo, preciso ser encontrada e trazida de volta para casa...

2 comentários:

  1. PARABÉNS! Fiquei muito feliz, mas muito feliz mesmo com o seu Blog, do qual fiz questão de ser o primeiro seguidor.
    Abraço, Xyko Motta.

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  2. É isso, amiga. Bom caminhar pra você nessa nova forma de comunicação. Eu tenho curtido meu blog e sei que você vai curtir o seu.
    Já começou com pé direito, pois "o nosso guru" Henry Nowen é sempre inspirador. Ontem mesmo estava revendo esse mesmo livro. Compartilho de suas reflexões, e também me identifico com o filho mais velho, apesar de ser a filha mais nova!
    Bijus!
    Iara

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