sábado, 24 de abril de 2010

A sabedoria dos rabinos

Ultimamente, tenho deixado um pouco de lado os livros de autores evangélicos para beber de outras fontes. Esta tem sido uma experiência muito agradável e enriquecedora. Nessa procura por diversificar meus hábitos de leitura, tenho descoberto alguns autores que normalmente não são citados (ou recomendados) pelos líderes das igrejas evangélicas, de modo geral.
Quando menciono para algumas pessoas o que tenho lido, percebo que elas não reagem favoravelmente. Algumas perguntam por que gastar tempo lendo autores não-evangélicos se podemos aproveitar muito mais lendo livros recomendados pela igreja; outras chegam a sugerir algumas leituras que, de acordo com elas, seriam muito mais proveitosas.
Outras ainda têm suas próprias listas de livros "proibidos" e olham com suspeita para aqueles que se dedicam a esse tipo de leitura, considerando-os como hereges em potencial.
Pessoas assim, em geral, estão tão preocupadas em "preservar a sã doutrina" que se esquecem que a própria Reforma Protestante nasceu da coragem de um homem em contestar a doutrina defendida pela igreja.
Além disso, encontramos na Bíblia um elogio aos crentes de Beréia, por sua demonstração de maturidade. Eles não se recusaram a ouvir a mensagem pregada por Paulo, ao contrário, ouviram com interesse, mas depois conferiam "se tudo era assim mesmo".
As Escrituras também nos recomendam a examinar tudo e reter o que é bom (I Ts 5.21).
Tenho aprendido muito lendo autores dos primeiros séculos da igreja, como Agostinho, Tomás à Kempis, São João da Cruz, Teresa de Ávila, e outros mais recentes, como Henri Nouwen, Tomas Merton, Brennan Manning, Brian McLaren (esse último considerado por muitos um herege).
Mas, atualmente, estou lendo um livro escrito por um rabino, Jonathan Sacks, intitulado Para Curar um Mundo Fraturado. Ainda não cheguei à metade do livro, mas já deu pra sentir que é um daqueles livros pra gente ler com caneta e lápis na mão, sublinhando frases, acrescentando comentários, fazendo anotações nas margens.
Transcrevo a seguir alguns trechos que me tocaram profundamente:

"Nós estamos aqui para fazer diferença, para corrigir as fraturas do mundo. Um dia por vez, um ato por vez, pelo tempo que for preciso para fazer do mundo um lugar de justiça e compaixão onde os solitários não estejam sós e os carentes encontrem ajuda; onde a súplica do fraco seja atendida e os injustiçados sejam ouvidos."

"Deus não pede a seus filhos que não cometam erros... Deus pede apenas que eles reconheçam seus erros e deles aprendam. O perdão está inscrito na estrutura do universo."

"Deus quer que seu povo ouça a súplica do oprimido, a dor do aflito e o lamento do abandonado. quer que não aceitem o mundo como é, porque o mundo não é como deveria ser."

"Encontramos a imagem de Deus dentro de nós quando a discernimos no outro."

Outra hora citarei mais um pouco da sabedoria desse rabino, que desde 1991 é o rabino-chefe da Comunidade Britânica.